Pequenas poesias, grandes histórias.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Indagação

Meu bem, não se entristeça
A vida é assim mesmo
Mas erga a cabeça
Não se pergunte
Viver? Pra que?
Tente pensar
O que além de viver
Você tem a fazer?
Se você souber,
O que está além da vida
Então prossiga
Com a sua indagação.
Mas se você não sabe
Aquieta teu coração
E espera o sol nascer
Amanhã já é outro dia
Você vai ver...

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Luz


 E enfim eles estavam sozinhos e não era proibido. Resolveram assim: ela juntou o que tinha do lado de cá e ele juntou o que tinha do lado de lá, dentro de um pedaço de espaço fechado na turbulência da capital.
  Foi a maior bagunça no começo. Durante o dia, iam trabalhar. E à noite tentavam até arrumar a danada daquela bagunça, mas sempre acabavam rolando pelo chão da sala, enlaçados, já desarrumando o que se tinha arrumado. E após, exaustos e satisfeitos, o tempo que restava era para preparar alguma coisa, algum arroz meio assado e uma carne meio crua pra não passar fome, e antes de dormir, não procurar comida na rua.
  Com um tempo, acabaram conseguindo organizar aqueles trapos, mas pouco adiantava, pois ela, desleixada e desordenada, acabava tirando tudo do lugar e não sabendo onde botava. E ele, sempre seguro e compassado, perdia a cabeça porque não achava coisa alguma naquele tão minúsculo espaço. Então eles constantemente brigavam por causa de uma cama bagunçada, uma roupa amassada, uma pizza queimada e uma lousa mal lavada.
  Mas quando, na noite fria em que a solidão antes sempre se manifestava, naquele pequeno cubículo de espaço, para sua manifestação espaço não restava, pois os dois e o que tinha entre eles sempre o ocupava tornando a noite fria em dia quente até de madrugada. O amor radiava luz: luz que esquentava.

Canção

Você não tem o direito de mandar
Eu parar te escrever
Com todo respeito, uma pergunta irei te fazer
Só responda se bem entender...
Não se lembra dos momentos
Em que como música
Você se reproduzia em meus pensamentos
Só para eu não te esquecer?
E quantas vezes nessa música
Já não apertei replay?
Mas você foi embora,
Então tal música cantei
Para te ver voltar para mim.
Seria uma pena ser esse o fim.
Então
Fui tocar a música em meu violão
E acabei compondo uma canção
Com dedicação a você.
Já deixei até aberta a minha porta
E agora, você volta?

Heresia

Em meu caderno de cálculo
Escrevo uma poesia
E deixo que me julguem
Pois já sou uma heresia.

Ainda tenho muito o que ser

E pouco sei da vida
Mas de que vale a pena saber
Se a tal não for vivida?

O mundo me assusta

Como também me intriga
Pois sei que o perco
Mas se eu quiser ganhá-lo
Será que Deus me castiga?

Porém como já citei

Da heresia que sou
Não importa, pois sei
Que o mundo não acabou
Nada mais dele perderei.

Então não me calo

Escrevo a Deus
E principalmente ao mundo
Em meu caderno de cálculo.

Quando tudo dá certo
A vida segue rimada
Pulando de verso em verso
Seguindo o fio da meada
Vivendo no dia-a-dia
A vida, as vezes, é como poesia
Mas quando se param as rimas
Nós paramos, sentamos
Nos olhamos e conversamos
Mas se não ouve, e daí?
A vida vai continuar
O seu caminho seguir
Como uma bela prosa
Não tem jeito de parar
A vida teimosa.